quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Endometriose

O que é?

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Locais onde é comum a ocorrência de endometriose
    A endometriose é uma doença crónica que afeta entre 5% a 15% das mulheres na sua fase reprodutiva e caracteriza-se pela formação de tecido endométrico fora do útero, sendo que normalmente apenas se encontra no endométrio, ou seja, no revestimento interno uterino.
    Pode ocorrer no revestimento da cavidade abdominal ou na superfície dos órgãos abdominais, nos ovários, nas trompas de Falópio, nos ligamentos útero-sacros, na superfície externa dos intestinos delgado e grosso, na bexiga, nos ureteres, na vagina, no septo retovaginal e nos pulmões em casos muito raros.
    Esta doença remete-se às mulheres a partir da primeira menstruação e pode estender-se até à última. Geralmente, é por volta dos 30 anos que a paciente é diagnosticada com endometriose.


Causas

    As causas da endometriose ainda hoje não são conhecidas, mas é um facto que a paciente tem grandes probabilidades de sofrer da doença caso a mãe ou a irmã sofram da mesma. Através desta afirmação especula-se que fatores como a genética, possam interferir bastante no desenvolvimento desta doença. Vários estudos também levam a concluir que o consumo de algumas drogas e determinados medicamentos possa também servir como fator de desenvolvimento.
    Assim, a endometriose pode ser classificada em quatro tipos:

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Símbolo da Endometriose
  • Endometriose infiltrada profunda- envolve ligamentos útero-sacros, bexiga, ureteres, septo retovaginal e intestino; apresenta sintomas muito influentes no bem-estar da mulher;
  • Endometriose ovariana- apresenta quistos nos ovários com um conteúdo líquido, também conhecidos como quistos de chocolate;
  • Endometriose peritoneal- envolve o revestimento da superfície da cavidade abdominal, podendo mesmo chegar ao diafragma;
  • Endometriose torácica- envolve os pulmões; é o tipo de endometriose mais raro.
    O tecido endométrico desenvolveu-se fora do útero, mas responde às mesmas hormonas que o endométrio presente no útero. Assim, a menstruação ocorre também em zonas menos comuns, podendo causar incomodo, como dores e cãibras abdominais.
    Esta doença é causadora de infertilidade em indivíduos do sexo feminino, visto que pode gerar o desenvolvimento folicular e a ovulação, dificultando a formação do oócito e a fecundação e, consequentemente, a criação do novo ser.

Sintomas

    Os sintomas são variáveis de mulher para mulher, existindo mulheres que apesar de sofrerem da doença não manifestam qualquer tipo de sintomas.
    Os sintomas mais comuns são:
  • Dismenorréia- cólicas muito dolorosas, podendo tornar-se incapacitantes durante o período menstrual; pode provocar também dores fortes nas costas;
  • Dor Pélvica Crónica- acompanhada de dor abdominal ou lombar;
  • Dispareunia- dores fortes durante o ato sexual;
  • Disúria- urgência em urinar, frequência e esvaziamento por vezes doloroso.


Diagnóstico

   É importante identificar o tipo de endometriose que a paciente apresenta, visto que, como já foi referido anteriormente, há mulheres que são assintomáticas, isto é, não apresentam sintomas, mas que podem apresentar uma endometriose avançada e há mulheres que apesar de possuírem sintomas fortes são portadoras de uma endometriose mais pacífica. 
    São várias as formas de realizar o diagnóstico. Por exemplo, o exame vaginal e retal, onde o ginecologista examina e observa a vagina e o reto, podendo realizar por vezes palpações na região abdominal para realizar a procura quistos, possíveis indicadores de endometriose.
    É também conhecido o exame de sangue, analisando-se o sangue da paciente, tendo em especial atenção o facto de ter havido ou não algum aumento da substância CA125 (indicadora de endometriose), analisando-se também a presença de anticorpos contra o tecido endometrial. Porém, este exame não é considerado suficiente para conseguir um diagnóstico certo, pois estas substâncias estão muitas vezes associadas a outras doenças.
    Por fim, deve-se salientar que também se pode realizar uma ecografia transvaginal pélvica que se realiza quando o exame vaginal e retal ou o exame de sangue são positivos, consistindo na observação da anatomia do sistema reprodutor feminino através da introdução de um transdutor de ultrassom pela vagina da mulher. Assim, se este der positivo, o ginecologista poderá proceder a uma videolaparoscopia, isto é, tubo ótico com iluminação própria e uma câmara de vídeo introduzido na cavidade abdominal por baixo do umbigo, que permite a observação do exterior do útero, das trompas de Falópio, dos ovários e dos restantes órgãos que se encontram na caviade abdominal, para investigar o estádio de endometriose e fazer a biopsia de tecido endométrico encontrado.


Ecografia transvaginal pélvica

Tratamento

     Não existe um tratamento específico para esta doença, já que as mulheres apresentam sintomas diversos. Isto faz com que existam tratamentos variados entres as mesmas.
     O tratamento para a endometriose é variável consoante o tipo de endometriose apresentado, e por isso existem três tipos de tratamentos:


  • Hormonal- é mais comum quando os analgésicos não são eficazes para aliviar os sintomas da endometriose, sendo um tipo de tratamento que impede a gravidez. Pode realizar-se com contracetivos orais ou DIU, facilitando a regularização e diminuição do fluxo menstrual, evitando o crescimento e desenvolvimento de tecido endométrico tanto dentro como fora do útero, e com remédios anti-hormonais, que restringem a produção de estrogénio pelos ovários, evitando assim o ciclo menstrual e impossibilitando o desenvolvimento de tecido endométrico;
  • Medicamentoso-  baseia-se na utilização de analgésicos para diminuir os sintomas provocados pela doença anteriormente ou no decorrer da menstruação, não afetando a ovulação;
  • Cirúrgico- é a escolha feita nos casos de endometriose mais grave. Consiste na remoção do tecido endométrico que se desenvolveu no exterior do útero, normalmente com um laser ou um eletrocautério  (aparelho que utiliza corrente elétrica para produzir calor), diminuindo assim os sintomas, tornando possível a ocorrência de gravidez. Contudo, esta medida não é definitiva, já que a endometriose volta a reaparecer e a desenvolver-se na maioria das mulheres.
    No entanto, a única forma de se obter um tratamento definitivo para esta doença é recorrer à remoção completa dos ovários e do útero. Este processo é denominado histerectomia e apenas é realizada em mulheres que não querem engravidar. Finalizada a histerectomia, realiza-se uma terapia de substituição de estrogénios, visto que este processo provoca os mesmos efeitos que a menopausa. Pode ainda ser necessário recorrer a fármacos supressores da endometriose, depois da cirurgia.
    Quando a endometriose não se encontra muito avançada, aconselha-se a inseminação artificial com hiperestímulo ovariano controlado.

    A partir do momento em que se está perante uma endometriose avançada, principalmente se estiver associada a alterações ao nível das trompas, fatores masculinos ou falha de tratamento prévio, a melhor escolha é a Fertilização in Vitro (FIV).  E com o tratamento de análogos de gonadotropina (GnRH) de 3 a 6 meses antes da Fertilização in Vitro a taxa de sucesso poderá ser ainda mais elevada.

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